segunda-feira, 18 de abril de 2011

Da Itália: Pietro Perugino

A aparição da Virgem a S. Bernardo, c. 1490-94

O italiano Pietro Perugino (1450-1523), retratou entre tantas cenas, uma onde a Virgem aparece para São Bernardo. Quatro anjos estão também presentes no momento. Primeiramente, a obra transmite um sentimento de calmaria, tudo parece sereno e tranquilo, até mesmo as cores que compõe o quadro e a luz representada em tons de amarelo transmitem ao espectador esse sentimento de mansidão.

O cenário, arquitetonicamente pensado pelo artista, mostra uma construção inspirada nos templos gregos e uma paisagem ao fundo. Tudo parece seguir padrões e regras. A semelhança entre os anjos e a virgem não está só no físico, mas também na serenidade e na luz que esses personagens transmitem ao espectador. Diferentemente das cores complementares do vestido vermelho da Virgem e o manto verde dos anjos, o que nos leva a perceber que os personagens usam trajes de cores vivas, exceto o de São Bernardo, um manto bege.

Olhando a obra atentamente, observamos o entalhe da escrivaninha de S. Bernardo que, ao centro, sustenta uma flor, um livro aberto, obedecendo a uma perspectiva assim como o tampo da mesa. Grandes dobras da roupa de S. Bernardo seguem quase todo o tecido da roupa, deixando evidente um corpo embaixo daquele pano. Esse volume também é perceptível na roupagem da virgem e dos anjos. Os tecidos dobram-se, modelam-se em cima de um corpo, diferentemente de algumas obras do início da Renascença, em que o tecido era exagerado, não sendo possível ao observador encontrar um corpo sob tantas dobras pesadas. E mesmo apesar de algumas dobras do manto de S. Bernardo terem seu peso, é possível perceber, por exemplo, o joelho dobrado.

(...) algumas de suas obras de maior êxito demostram que Perugino sabia obter a sensação de profundidade sem perturbar o equilíbrio do desenho, e que ele tinha aprendido a manipular o sfumato de Leonardo para evitar uma aparência dura e rígida em suas figuras. (GOMBRICH, 2009: 315)

A simetria pode ser observada na arquitetura, nas colunas de estilo grego que começam no primeiro plano do quadro, uma do lado esquerdo e outra do lado direito, formando também a moldura. Tais colunas seguem até o final do templo, dando ideia de profundidade; os arcos que formam o teto acentuam ainda mais essa perspectiva.

No centro da pintura, logo que a construção termina, com um chão num quase quadriculado em tons de bege claro e cinza, vemos uma paisagem: tons de verde se misturam na representação dos arbustos, montes e árvores com o azul da água do estreito rio. Três árvores representadas nessa paisagem deixam mais clara a ideia de longitude, de profundidade. O céu é uma mistura de rosa claro, um azul quase cinza e o amarelo de sol poente.

Embora uma obra apenas não demonstre quão grande um artista se tornou, algumas obras de Perugino podem oferecer ao espectador um mundo mais sereno e harmonioso, se comparado ao nosso.

3 comentários:

Marcella Campos disse...

Ah que chique, ai sim rola ver um quadro com toda essa explicação...onde ele ta Carlinha?

Pedro Conte disse...

To gostando de ver hein!

Carla Bortoloni disse...

Pedro, tô treinando pra ser jornalista... será que o Le deixa?