quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Vik Muniz: isso sim é arte contemporânea

Eu que geralmente não gosto de arte contemporânea, arte conceitual, arte pós-moderna, essa arte dos tempos de hoje, me deparei essa semana com um brasileiro conhecido internacionalmente, radicado nos EUA, que faz arte usando lixo. Me emocionei ao ver um vídeo na internet (o link segue logo abaixo), e acho que isso é o fundamental da arte. Arte tem que comover, tem que tocar, mexer com os nossos sentimentos, sejam eles bons ou ruins, eu prefiro que sejam bons, e foi o que aconteceu.

O artista plástico Vicente José de Oliveira Muniz (1961-), foi indicado ao Oscar de 2011 por seu documentário “Lixo Extraordinário” (Waste Land), dirigido por Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley. Vik Muniz tem obras nos principais museus de arte contemporânea, como o MoMA de Nova York, o Reina Sofia e o Metropolitan.


Vik ficou mais conhecido no Brasil depois da abertura da novela global Passione, onde utilizou lixo reciclável para confeccionar as cenas que compunham o vídeo-clipe de abertura.

Usando o mesmo material, lixo, do aterro metropolitano do Rio de Janeiro, o aterro Jardim Gramacho, Vik Muniz cria obras para o documentário premiado. Entre as várias fotografias que ele mesmo tira, dos catadores de lixo, está uma releitura da obra de Jacques-Louis David (1743-1825) Marat assassinado de 1793.

Primeiro ele cria um cenário, o mais fiel possível ao da obra de David e para ocupar o papel de Marat escolhe um dos catadores de lixo, depois fotografa a cena; e a partir da fotografia cria o ambiente com o material coletado do aterro.

Um pequeno vídeo mostra os bastidores da produção, e os processos da obra: http://www.wastelandmovie.com


Espero que se emocionem.


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Manet e a modernidade

Essa semana escolhi um artista que estudei há pouco tempo para um trabalho da pós. Geralmente a gente escolhe o que gosta pra falar e eu não faria diferente.

Antes de começar, vale lembrar que moderno é algo novo, modernismo são os movimentos culturais (escolas e estilos) que surgiram no começo do século XX e modernidade é um novo estilo de vida que surge com a industrialização. Não há uma data exata para dizer quando começou o modernismo. São fatos que vão acontecendo ao longo dos anos e que transformam o pensamento e a sociedade de uma época.

Eduard Manet (1832-1883) foi com certeza um homem moderno. Acredito que ele não se enquadrou no impressionismo, movimento que o tinha como guia, pois sua preocupação não era o estudo da luz e sim o homem, o homem moderno.

Segundo Baudelaire, Manet é o homem do mundo, que ama as multidões, que anda pelas ruas observando os acontecimentos. Crítico social, seus temas anunciam e denunciam a prostituição na obra Almoço na relva de 1863. Nessa obra, Manet pintou pessoas conhecidas, homens da alta burguesia parisiense ao lado de uma prostituta. Completamente nua ela olha para fora do quadro, para o espectador, nós que olhamos a tela, dando a impressão de que fazermos parte da cena pintada por Manet. O grande constrangimento não se deve ao simples fato de conhecer o outro, mas também de se reconhecer na cena da obra.

No primeiro plano, uma natureza morta de um colorido intenso, uma cesta de piquenique com frutas e pão; há uma garrafa de vidro e algumas folha em cima de um tecido azul céu, que é provavelmente a roupa da mulher. Ela descansa a cabeça sobre uma das mãos e olha atentamente para fora da tela. Com ela, dois parisienses de classe alta, trajando roupas da moda, que parecem conversar, enquanto a prostituta olha para o espectador.

No segundo plano, vemos uma mulher com um vestido branco, talvez uma ninfa - mulher mitológica que habita as florestas. Ela está curvada e ao seu lado vemos uma canoa e o que parece ser um pequeno lago. É possível perceber, aqui, um destrato com o acabamento, pois o fundo e a floresta não têm a mesma solução, e a importância que a cesta de frutas e a prostituta.

Vários elementos modernos estão presentes na obra: o uso do preto como cor fundamental, os temas cotidianos, o contraste entre o preto chapado e os tons claros, o belo mutável, a efemeridade e a transitoriedade.

Manet quebrou regras e inovou a pintura, dando abertura para novos movimentos vanguardistas que surgiram. Mudou o imaginário coletivo do século XIX. Está entre os clássicos e os impressionistas sem ser nenhum deles.


Almoço na relva, 1863 - Óleo s/ tela 208x264 cm - Museu DÓrsay





terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A arte cada vez mais perto

Na semana do meu aniversário resolvi me dar um presente. Vou pra Madri visitar o Museu Reina Sofia. Aproveito pra dar um abraço nos meus afilhados, Mar e Pedro.

É, eu vou, mas vou virtualmente graças ao Google e o seu mais novo projeto, que aproxima a arte das pessoas. Adorno que me desculpe, mas se o assunto é reprodução de obra de arte, eu estou com Benjamin, já que com a reprodução mais pessoas podem ter acesso a algo que ainda é tão elitizado no nosso mundo.

Com o Google Art Project temos a oportunidade de conhecer alguns dos principais museus do mundo e algumas das grandes obras que fazem parte de seus acervos. O MoMA (em Nova York), o Reina Sofia (em Madri), a National Gallery (em Londres) e o Palácio de Versalhes (na França) são alguns lugares disponíveis para visitação. Van Gogh, Rembrandt, Bosch, Rubens, são alguns gênios que podemos ver de perto e sem gastar nada.

Podemos caminhar pelo museu e olhar as obras em altíssima resolução, observando detalhes que passariam despercebidos sem a tecnologia de super câmeras fotográficas (que são vistas em ação em um making of bem produzido na seção Visitor Guide): desde o craquelado da tinta que se formou com o passar dos anos, até pinceladas que o próprio pintor não viu. Para completar, o site traz as informações adicionais da obra, como o tamanho do quadro e a técnica utilizada.

Parabéns ao Google e espero que muitas pessoas aproveitem a oportunidade. Visitem: www.googleartproject.com

O abraço na Mar e no Pedro fica pra daqui uns dias, rs.




O Quarto em Arles é uma das obras de Van Gogh que podemos ver bem de pertinho.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Arte: o que é?

Há uma grande polêmica quando se tenta definir arte, grande nomes já falaram sobre o assunto. Eu acredito, junto com alguns críticos, que não há como definir arte.

A palavra vem do latim, Ars e significa habilidade. Para os gregos, poiesis, que hoje entendemos como poética, era a criação, a própria ação de confeccionar algo.

Hoje podemos estudar arte pré-histórica - com os desenhos rupestres, mas isso não significa que naquela época, se pensava em arte. A caça e todo o significado de magia que pode envolver os desenhos das cavernas, implicam mais uma questão de sobrevivencia do que um pensamento artístico da época.

Podemos sim, separar as várias Histórias da Arte, com sua academias, estilos e movimentos. Pois vários foram os artistas que se propuseram a fazer uma arte diferente da que havia até então, de não fazer arte. A arte passou por muitas modificações com os anos, com as novas ideias, com as novas filosofias, com o conhecimento científico, com o crescimento do homem.

Quando me perguntam o que é arte, várias respostas me vêm à mente, antes mesmo de que eu consiga responder. Poderia dizer que é a expressão do belo, ou a expressão dos sentidos e sentimentos. Em poucas palavras e depois de muito pensar, eu diria que arte é uma criação humana somada de valores estéticos, apresentada de diferentes formas (plástica, musica, cinema, teatro, dança, arquitetura, escultura), possível de ser apreciada (ou não - dependendo do gosto), na medida em que se propõe comunicar alguma coisa, sendo utilitária ou decorativa.

Para entender melhor a arte é preciso compreendê-la dentro do contexto de sua produção cultural. Por isso, as vezes, é tão difícil hoje em dia entender o que é arte. A arte conceitual permite disser que tudo é arte. Para mim, arte tem que causar emoção, algo que não sinto quando por exemplo, estou diante de tilojos empilhados, mas isso depende de cada pessoa, há os que preferem os tijolos à uma tela de Van Gogh.

No final da contas, não há como definir arte, já que a arte é uma constante em mutação, assim como o homem. Ela sempre esteve presente, antes de ser reconhecida com tal, antes mesmo da escrita, e sempre se transformou.


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Gostaria de aproveitar para dizer que fico contente em ver que as pessoas se interessam pelo que escrevo. Fico feliz em saber que de algum jeito contribuo para uma pequena parcela do engrandecimento que a arte traz, e fico lisonjeada pelos elogios, obrigada a todos pelas visitas e comentários.