Esses dias vi esse pequeno artigo (quem quiser pode ler aqui), cujo título já chama atenção. É incontestável que Picasso foi um grandioso
artista. Mas, além da comparação desnecessária, dizer que Romero Britto é novo Picasso não é um tanto exagerado?
Não estou aqui pra falar mal da pintura de Britto (1963-).
Eu até gosto de alguns trabalhos, apesar de acha-los comerciais, infantis, blá,
blá, blá... Mas isso também é uma questão de preferência, assim como gostar ou
não de um ímã de geladeira para enfeitar a sua cozinha branca.
Pablo Picasso (1881-1973) foi inovador, criador de um
movimento artístico juntamente com Geoges Braque (1882-1963), o Cubismo. Romero
Britto busca um estilo, e até o tem, mas ainda é um estilo só seu e que está
longe de ser considerado um movimento artístico. Com colorido vibrante e traços
pretos grossos, a arte de Britto pode até ter algumas características do
movimento criado por Picasso, porém com um popularismo exacerbado.
Picasso viveu em um tempo que jamais pertenceu a Britto. Guerras
civis e mundiais não são tão duras para quem só pode imaginar como aconteceram.
Picasso as viveu e traz isso em suas obras (e acho que não precisa dizer todo o
conteúdo histórico e cultural que elas carregam). Britto é um artista pop, fez
carreira nos EUA, é o queridinho das celebridades, Globais, Hollywoodianos etc.
O artista pernambucano nunca foi bem visto pela crítica especializada, pela
característica altamente comercial de seus quadros – nada contra se ganhar dinheiro
com seu trabalho; se tem que compra, parabéns para ele (mas isso é assunto para
um outro post).
Se for para fazer uma comparação, talvez Romero Britto
devesse ser comparado a Andy Warhol (1928-1987), um dos líderes do movimento
Pop Art, que propunha a massificação e a industrialização das artes. Ou a Roy Lichtenstein
(1923-1997), que quebrou algumas barreiras diferentes da de Britto, mas que
também valorizava o clichê e o comercial.
Ao contrário da grande maioria dos artistas, Britto consegue
viver e não apenas sobreviver de seu trabalho. Assim como Beatriz Milhazes (e
que é assunto pra um próximo post), Britto tem lista de espera de pessoas que
querem ter em suas salas de estar um de seus quadros milionários. Ganhando
milhões e com público garantido, eu também não estaria muito preocupada com a
crítica. Mas essa não é uma postura de que pretende dizer que está rompendo
alguma barreira. Também não se cria um movimento artístico só com marketing.
Guernica - Picasso
Picasso
Retrato de Dora Maar - Picasso
Romero Britto
Romero Britto
Romero Britto
5 comentários:
Concordo com todo o texto. As obras de Picasso aí expostas provocam sensações profundas. Já as obras do Brito vá saber, achei vazias. Só acho que a crítica não é parâmetro para avaliar um bom artista, pois vários gênios sofreram severas críticas da crítica. A crítica para mim é como a parte técnica que entende de música, literatura ou arte. Mas na maioria das vezes são como "panelinhas" com pouca profundidade.
Abraço
Obrigada Daneil =)
Acho que a crítica faz parte da construção do artista. Quase todos sofreram com ela... Se tornaram grandes, aqueles que tinham o que dizer com sua arte.
Abraço
Oba :)
A "minha" resposta para a pergunta, sem ler o post: "Não, não, não."
agora vou ler o post.
Amei o post, Carla, vou cobrar mais posts, please.
Picasso é um dos meus favoritos, acho o que o Brito faz bonitinho, infantil não acredito que dure tanto qnt um Picasso, teve sorte de cair no gosto dos ricos e famosos.
De nada Carla, vou aguardar novos textos. Abraço
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