quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Manet e a modernidade

Essa semana escolhi um artista que estudei há pouco tempo para um trabalho da pós. Geralmente a gente escolhe o que gosta pra falar e eu não faria diferente.

Antes de começar, vale lembrar que moderno é algo novo, modernismo são os movimentos culturais (escolas e estilos) que surgiram no começo do século XX e modernidade é um novo estilo de vida que surge com a industrialização. Não há uma data exata para dizer quando começou o modernismo. São fatos que vão acontecendo ao longo dos anos e que transformam o pensamento e a sociedade de uma época.

Eduard Manet (1832-1883) foi com certeza um homem moderno. Acredito que ele não se enquadrou no impressionismo, movimento que o tinha como guia, pois sua preocupação não era o estudo da luz e sim o homem, o homem moderno.

Segundo Baudelaire, Manet é o homem do mundo, que ama as multidões, que anda pelas ruas observando os acontecimentos. Crítico social, seus temas anunciam e denunciam a prostituição na obra Almoço na relva de 1863. Nessa obra, Manet pintou pessoas conhecidas, homens da alta burguesia parisiense ao lado de uma prostituta. Completamente nua ela olha para fora do quadro, para o espectador, nós que olhamos a tela, dando a impressão de que fazermos parte da cena pintada por Manet. O grande constrangimento não se deve ao simples fato de conhecer o outro, mas também de se reconhecer na cena da obra.

No primeiro plano, uma natureza morta de um colorido intenso, uma cesta de piquenique com frutas e pão; há uma garrafa de vidro e algumas folha em cima de um tecido azul céu, que é provavelmente a roupa da mulher. Ela descansa a cabeça sobre uma das mãos e olha atentamente para fora da tela. Com ela, dois parisienses de classe alta, trajando roupas da moda, que parecem conversar, enquanto a prostituta olha para o espectador.

No segundo plano, vemos uma mulher com um vestido branco, talvez uma ninfa - mulher mitológica que habita as florestas. Ela está curvada e ao seu lado vemos uma canoa e o que parece ser um pequeno lago. É possível perceber, aqui, um destrato com o acabamento, pois o fundo e a floresta não têm a mesma solução, e a importância que a cesta de frutas e a prostituta.

Vários elementos modernos estão presentes na obra: o uso do preto como cor fundamental, os temas cotidianos, o contraste entre o preto chapado e os tons claros, o belo mutável, a efemeridade e a transitoriedade.

Manet quebrou regras e inovou a pintura, dando abertura para novos movimentos vanguardistas que surgiram. Mudou o imaginário coletivo do século XIX. Está entre os clássicos e os impressionistas sem ser nenhum deles.


Almoço na relva, 1863 - Óleo s/ tela 208x264 cm - Museu DÓrsay





Um comentário:

Unknown disse...

Enquanto eu lia o texto já podia "ver" o quadro, antes mesmo de tê-lo visto, excelente descrição. Muito legal também tratar de modernidade e o modo como a descreve, essas transformações sociais tiveram implicações profundas em todos os segmentos do mundo.
Virei seguidor do seu blog.
Beijo